Tuesday, August 26, 2008

Spray de pimenta, flor e twitter.

É, eu sei. Deixei o blog abandonado nesses últimos dias, mas em compensação hoje sai um post gigante sobre vários assuntos, afinal preciso colocar o papo em dia com vocês, meus leitores.

O motivo do meu sumiço não verdade não é um único motivo, são vários. Primeiro e principal: volume de trabalho. Peguei vários freelas pra fazer nas últimas semanas e tô trabalhando de mais, mas não reclamo, é din din entrando mais pra frente =)

Entre outros motivos, tem a minha mais "nova" "paixão": o twitter Nem é tão nova assim, mas não me lembro de ter comentado aqui no blog. Vou falar dele logo mais na frente, pra não perder a ordem cronológica dos fatos que quero narrar.



Caso 1: O spray de pimenta

Ontem fui ao Projeto Sempre um Papo que recebeu Contardo Calligaris. Era pra ser uma entrevista sobre o lançamento do seu novo livro "O conto do amor", mas acabou se transformando em um bate papo super agradável e descontraído. Fiquei feliz ao ver frente a frente alguém com quem compartilho muitas idéias. Ele falou sobre escrevermos nossa própria ficção, sobre ser otimista em relação ao mundo e à humanidade, falou sobre o real amor, contou sobre sua vida, viagens e aventuras na adolescência etc. Uma conversa que me encheu de alegria pela postura descontraída e humana do Contardo e pelo reforço de meus ideais por alguém como ele. Saí de lá grata a Simone por ter me feito esse convite.

Eu fui de ônibus para o auditório da Cemig onde aconteceu o projeto porque não sabia se encontraria vaga para parar naquela região, mesmo a noite e também por receio de deixar a moto sozinha ali. Saímos do evento e caminhamos eu, Simone e sua amiga (não lembro o nome) até o ponto de ônibus dela (da amiga) para depois eu seguir para o meu e a Simone para o dela. Perto do meu ponto, quando ainda caminhávamos as três, dois homens seguiram em nossa direção. Esitei. Em plena Av. Contorno, movimentada, nove da noite, pensei, eles não vão fazer nada. Seguimos e perdi eles de vista. Deixamos a amiga da Simone no ponto e segui para o meu ponto. Atravessando a rua olho para trás e quem vem? Os dois caras. Senti medo. Apressei o passo e parei no ponto perto de onde estava o maior número de pessoas. Veio um ônibus e metade do ponto esvaziou. Vi que os dois olhavam para mim e conversavam entre si. Meu ônibus veio. Esperei até o último segundo para entrar nele, de forma que não desse tempo dos caras virem atrás de mim, ou se viessem eu teria certeza absoluta que estavam atrás de mim e acionaria alguém dentro do ônibus, sei lá... Entrei e eles ficaram para trás. Eu segui, aliviada. Ponto!

Desci do ônibus e segui o trajeto (pequeno, alguns quarteirões) até minha casa. Não gosto desse trajeto, é escuro e já sofri uma tentativa de assalto ali num horário mais cedo do que o que era naquele exato momento. Segui em frente e vi uma mulher, poucos passos a minha frente do outro lado da rua. Descendo a rua, um homem. Não dava pra vê-lo direito porque estava escuro. Atravessei a rua em direçao a mulher. Pensei: ela representa menos perigo do que ele, teoricamente. Apressei o passo pra andar mais ou menos lado a lado com ela. Mas, para minha surpresa, ela também apressou o passo quando me viu seguindo em sua direção. Ela virou a mesma rua que eu iria virar. Virei em seguida. Ela abriu a bolsa e tirou de lá um spray de pimenta! É isso aí. Ela achou que eu ia assaltá-la ou algo do tipo. Segurou o spray com firmeza na mão e olhou novamente para trás. Apertei mais ainda o passo para passar por ela e ela perceber que eu não apresentava perigo. Ela mais uma vez andou depressa também e virou na minha rua. Pensei: "pronto! essa louca vai me esguichar spray de pimenta na cara achando que tô seguindo ela". Virei na sequência. Reduzi o passo, esperei ela distanciar um pouquinho e atravessei a rua para o outro lado. Entrei dentro de casa.

Pensando sobre tudo isso cheguei a conclusão que aquela mulher fez comigo exatamente o que eu fiz com os dois caras no ponto de ônibus: me julgou pela aparência e fez toda a sua ação seguinte baseada nisso. Não que eu pareça "um malaco", rs, não é isso. Mas quem me conhece sabe que uso muita roupa preta, botas cano alto, e ver alguém assim a noite não deve ser muito agradável, nem transmitir confiança, rs... Pensando em tudo isso percebi que aqueles caras no ponto de ônibus talvez nem estivesse falando de mim, ou talvez estivessem, mas nada de mais, um elogio, ou uma crítica ou qualquer coisa que não faria diferença, mas eu os julguei pela aparência e tive medo, tal qual a mulher do spray de pimenta. Óbvio que todas essas reações, tanto minha quanto da mulher, são sintomas da sociedade em quem vivemos, onde a cada momento, estamos expostos a todo tipo de violência.

Confesso que fiquei triste por não ter tido coragem de abordar aquela mulher e dizer que eu só apressei o passo para parecer que estávamos juntas e com isso afastar possíveis ladrões, e também por ter pré julgado aqueles caras, coisa que sempre me policio para não fazer e acabei fazendo. Mas pelo menos ficou claro para mim que realmente "aqui se faz e aqui se paga", e na mesma moeda. Ditado batido e piegas para muitos, mas uma verdade para mim.



Caso 2: A flor

O "caso 2" é da série de cenas bonitas que vejo na Praça da Assembléia. Como outro dia que vi aquela cena maravilhosa e narrei aqui, ontem indo para o trabalho, parei no semáforo, como de costume porque ele sempre está fechado (lei de murphy). Uma mulher veio em minha direção com uma caixa de balas na mão para vender. Confesso que quando estou de moto e vem alguém em minha direção, eu já logo acho que é para vender algo ou distribuir folhetos e desvio o olhar, porque é impossível eu pegar um folheto ou comprar qualquer coisa estando na moto. Isso parece bem óbvio para mim e para muitas pessoas, já que não terei onde colocar o folheto ou como pegar o dinheiro pra comprar qualquer coisa, mas para quem está no sinal querendo se desfazer do que está em mãos, nem sempre isso parece óbvio. Enfim, achei que a mulher queria me vender as balas e desviei o olhar. Qual não foi minha surpresa quando, olhando de "rabo de olho" percebi que ela não olhava para mim, mas sim para uma flor amarela que estava ali bem próxima. Observei a cena: ela segurou a caixa de balas com uma mão e com a outra acariciou a flor, segurou-a entre os dedos, olhou bem firme para ela, soltou-a, abriu um sorriso e seguiu caminhando em direção a um carro para vender suas balas. E eu mais uma vez fiz um julgamento antecipado de alguém...

Mas vivendo essa cen pensei, como seria bom se todos nós enxergássemos sempre esses pequenos detalhes que fazem a vida ser vida!



Caso 3: O twitter

O twitter é como um mini blog, onde vc posta o que quiser (normalmente o que está fazendo naquele exato momento) desde que não ultrapasse 140 caracteres. É isso mesmo: só 140 caracteres, rs... Entrei meio sem querer, depois de um convite do Ciro, que por sinal já saiu e adorei! Sigo várias pessoas interessantes no twitter, principalmente ligados a publicidade e marketing. E nessa "brincadeira" ocorreu uma coisa interessante e legal hoje.

Num momento de desabafo, uma pessoa, que não sei o nome mas é uma das responsáveis (ou dona) do Estúdio Mellancia postou um texto em seu blog. Acompanho o blog esporadicamente desde que tomei conhecimento dele, porém leio todos os posts da mellancia no twitter.

E mais uma vez vou eu falar de julgamentos precoces. Lendo seus coments no twitter sempre tive a impressão de que a @mellancia era alguém inabalável, intocável e todos esses "ins" e "áveis" que tem por aí. Até que hoje uma mensagem sua me chamou a atenção:

mellancia #prontosdesabafei http://mellancia.wordpress.com/

Um desabafo! Fui lá conferir o texto.

Depois de ler, resolvi mandar uma resposta para ela:
gabisantiago Pela primeira vez gostei de verdade de um post no seu blog. Mostrou q vc é humana =)

E qual não foi minha surpresa com a resposta:
mellancia uia, onde foi que deixei parecer que sou ET??

O diálogo seguiu:
gabisantiago hahaha nem é ET, mas tipo, sabe qdo a pessoa parece inabalável, q não tem problemas... então tinha essa impressão. Te via como alguém longe... praticamente inalcançável. E hj te vi de pertinho, e gostei =D #prontoelogiei

mellancia jura! que doido isto, sou tão normal que beiro a estranheza...por um momento achei que vc achasse que eu era a Mulher Melancia

gabisantiago ahahaha adoro pessoas q beiram a estranheza =) mulher melancia!? jisuis!!não, não...conheço o estúdio mellancia =D

mellancia achei muito interessante seu twit pra mim, não esperava....

gabisantiago legal =D acho q sem querer ajudei a melhorar o seu "dia de cão" ;)

mellancia ahaha, sim!! :-)

Quando encerramos a conversa lembrei daquela história do bilhete no sabonete que contei a pouco tempo aqui no blog. Muitas vezes falamos ou fazemos algo tão pequeno e simples para nós, mas que pode melhorar ou até mesmo mudar o dia de uma pessoa. Despretensiosamente eu escrevi essa mensagem para dizer a ela que gostei do texto e acabei canalizando boas energias.

Depois fui ler alguns textos antigos do blog da mellancia e percebi que ela sempre deixou explícito esse seu lado humano e sensível. Estava ali, o tempo todo, e eu não tinha percebido ainda. Assim como minha forma de enxergar os dois rapazes no ponto de ônibus estava errada e eu não percebi. Assim como minha postura "agressiva" com a mulher do spray de pimenta e "indiferente" com a mulher da flor estavam erradas e eu também não percebi.

Só espero conseguir, a cada manhã, ter um novo abrir de olhos, sincero e inocente, sem julgamentos ou preconceitos, como de uma criança, mas ao mesmo tempo, esperto, atento e perspicaz com de um adulto consciente que sou. Que a criança que mora em mim dê a mão ao meu adulto e ensine ele a caminhar, pois tenho mais a aprender com essa criança, com toda certeza.

Wednesday, August 13, 2008

Me dá a minha bola!!!

Eu: Bibi, me dá um abraço.

Bibi: Nããããããããooooooooo!!!

Eu: Ah, é assim, né?! Vc só me dá bola qdo sua mãe e seu pai não estão perto... Qdo eles estão no trabalho aí vc me dá bola, né?

Bibi: Eu não vou te dar a minha bola!!! Ela tá lá em casa e eu não vou te dar!

Tuesday, August 5, 2008

Mensagem a um desconhecido

Outro dia comprei vários sabonetes artesanais na mão de uma colega da turma da Massoterapia. Foram mais ou menos 10 sabonetes, cada um mais cheiroso que o outro: pêssego, pitanga, maracujá, canela...

Quando peguei o de maracujá para usar tive uma bela supresa: dentro do sabonete tinha um papelzinho enrolado! Rapidamente antes de entrar pro banho, peguei um estilete e fiz um corte no sabonete bem no local onde estava o papelzinho. Queria saber logo o que era, o que estava escrito e porque foi colocado ali. A mensagem me surpreendeu e muito, por sintetizar aquilo que venho buscando a cada dia: viver intensamente cada momento, não deixar a vida passar e sim vivê-la.

"O tempo não pára, e com ele leva os momentos que deixamos passar em vão. Não deixe que este tempo passe sem levar consigo uma mera lembrança deste pequeno espaço que você ocupou enquanto esteve aqui." (Valentim - Bonito / MS)

Quem será o Valentim? O que ele faz da vida? O que o levou a escrever essa msg? Não tenho nenhuma dessas respostas, mas esse desconhecido que mandou uma msg "via sabonete" a um outro desconhecido (eu), se ligou a mim de alguma forma. Será que ele tem a real dimensão do que causou? Será que ele sabe que fez o meu dia mais feliz com esse pequeno gesto? Sinceramente acho que ele não sabe, mas com certeza ele escreveu essa mensagem com muito amor e carinho um desconhecido. E eu fui a ganhadora dessa dádiva...